
Ribeirão Pires se tornou a primeira cidade do Brasil a contar com uma clínica pública de tratamento com cannabis medicinal. Neste sábado (19/4), a unidade da Prefeitura e da Associação Flor da Vida completa o primeiro mês de funcionamento e já carrega histórias de famílias que tiveram as vidas transformadas pelo tratamento.
Entre os moradores está Paula Tanaka, de 39 anos, moradora do Parque Aliança. O filho Ramon, 4, está entre os 56 pacientes já em tratamento de crises de epilepsia e TEA (Transtorno do Espectro Autista) nível 3.
Outras 81 pacientes realizaram cadastro e seus casos estão em análise. São priorizados moradores da cidade que estão em maior situação de vulnerabilidade social.
Paula Tanaka detalha que, desde bebê, Ramon apresentou sintomas de autismo e recebeu o diagnóstico cedo. Por conta das patologias e dedicar a ficar 100% com o filho, Paula deixou de trabalhar e destacou o processo. “Desde o começo foi sempre um processo doloroso. O valor do frasco do medicamento era muito alto e sempre foi uma luta muito grande. Através da tia do Ramon, conheci a Clínica que mudou a minha vida”, destaca.
Ramon está em tratamento com o óleo de cannabis fornecido pela Associação Flor da Vida há cerca de 20 dias. “A gente vê já uma mudança significativa do Ramon, está mais concentrado, os terapeutas da escola falam que ele até parece outra criança, algumas crises são muito mais rápidas. Hoje, choro de alegria por ver ele bem”, diz a mãe.
A Clínica Pública de Cannabis Medicinal de Ribeirão Pires está instalada em área concedida pela Prefeitura à Associação Flor da Vida, no Centro Ibrahim Alves de Lima – ao lado da Fábrica de Sal. No local, pacientes com prescrição médica feita por profissionais de saúde passam por avaliação psicológica, de assistente social e têm os pedidos avaliados por equipe especializada. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. São atendidos pacientes com TEA, Alzheimer, Parkinson, fibromialgia e epilepsia.
Pioneirismo
Ribeirão Pires foi a primeira cidade paulista a criar, em março de 2022, lei específica para implantação de Política Municipal de medicamentos formulados de derivado vegetal à base de canabidiol, em associação com outras substâncias canabinoides (Lei Municipal nº 6.737/22). A legislação estipula, entre outros pontos, ações que possibilitem o diagnóstico e o tratamento de pacientes para os quais a cannabis medicinal possui eficácia comprovada, bem como a promoção de políticas públicas de debate e fornecimento de informações a respeito do uso da medicina canábica.