Pesquisar

Cesta básica de julho bate recorde recorde no ABC e tarifaço já influencia preços


Antecipando efeitos do tarifaço, a laranja já começou a cair de preço, mas engenheiro agrônomo da Craisa, diz que quedas de preço podem ser momentâneas e que os produtos podem volta a subir. (Foto: Miguel Denser/PMSA)

A Cesta básica do mês de julho no ABC bateu no teto, chegando ao preço mais alto na história de 25 anos de pesquisas da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). Os 34 itens que compõem a cesta alcançaram R$ 1.149,49 centavos, um real acima do preço mais alto do conjunto de produtos alcançado em janeiro de 2023, até então o recorde de preços. A cesta básica ficou 3,06% mais cara em junho e 7,61% mais alta do que há exatamente um ano. Os números da inflação oficial ainda não saíram para o mês de julho, mas se mantida a inflação de junho, de 5,35%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o preço da cesta ficou pois pontos percentuais acima da índice oficial.

Para o engenheiro agrônomo da Craisa, Fabio Vezza de Benedetto, fatores externos à economia sempre afetam os preços, entre eles estão o clima, guerras e períodos de instabilidade internacional. Ele lembra o valor de janeiro de 2023, até então o mais alto da série histórica iniciada o ano 2.000. “Nestes 25 anos de pesquisa foi a cesta do mês de julho atingiu o maior valor, o segundo maior valor foi em janeiro de 2.023 que ficou um real mais barata, na época estávamos em um período muito conturbado, com influência política. Nessa linha do tempo a gente vê que as coisas vão normalmente até que aconteça alguma coisa externa, como evento climático ou guerras. Também tivemos a pandemia que foi uma época que assustou bastante. Estivemos num momento de preços altos até a chegada do governo Lula, que tinha a promessa de reduzir preços da cesta básica e foi bem até novembro depois voltou a subir, tivemos efeitos climáticos, a guerra da Ucrânia e, agora com o Tarifaço do governo Trump a gente tem expectativa de como será a influência nos preços”, analisa.

A redução das exportações e a sobra de produtos pode influenciar negativamente o mercado, sobretudo os produtos da cesta básica a médio prazo. “Se um produto ficar muito barato, pode não compensar a colheita e nem chega a ir para o mercado. Essa safra acaba sendo perdida no meio do caminho. Os preços já estão recuando nos pescados que seriam exportados. A longo prazo o tarifaço pode desestimular a produçã como, por exemplo na pecuária o produtor abater fêmea que estava ali para reprodução, para diminuir a oferta. Nas carnes isso demora um pouco mais nas carnes do que uma agricultura de soja ou de milho, mas pode diminuir a nossa produção e os preços acabam subindo de novo. É uma conta que não é para se alegrar muito, pois pode nos prejudicar no futuro”, pondera.

“Descapitalizar o setor produtivo leva a não ter investimentos para as próximas produções, o que pode resultar na queda de empregos na cadeia de alimentos. Uma coisa que tem que tentar é, além de proteger o setor produtivo com alguns mecanismos, procurar outros mercados também. Não sei por quanto tempo essas medidas (do governo Trump) vão se sustentar, os EUA tem bastante gordura para queimar, mas quanto vão aguentar? É uma incógnita”, reflete Benedetto.

Fabio Vezza de Benedetto chamou a atenção para o aumento no preço do café, que subiu 66% em um ano. (Foto: Reprodução RDTv)

Pelo menos um preço já foi influenciado, mesmo a cesta básica de julho não ter sofrido ainda uma influência direta do tarifaço que começou a valer em 6 de agosto. O efeito ‘pré-tarifaço’ já teria chegado à laranja, um dos principais produtos exportados, na forma de suco para os EUA. “O único produto que a gente percebeu, variação nos preços das feiras livres e sacolões é a laranja, estava muito cara e percebemos uma queda. Fora isso, não notamos variação pelo tarifaço”, destaca o engenheiro.

Maiores altas
As maiores altas nos preços de julho apurados pela Craisa em relação ao levantamento de junho foram a farinha de trigo, que aumentou 46,33% passando de R$ 3,90 para R$ 5,71%, seguida pelo sabonete, com alta de 33,81% (de R$ 1,91 para R$ 2,56 a unidade) para a marca Lux Suave de 85g. no pacote com seis. Outro produto que chamou a atenção pela alta foi papel higiênico folha dupla pacote com 16 rolos, que passou de R$ 17,13 para R$ 22,56.

Quedas

Dentre os produtos com as maiores quedas, estão a Batata lavada, que passou de R$ 5,89 para R$ 4,53, queda de 23,13% e o pacote de meio quilo de fubá que baixou de R$ 5,39 para R$ 4,26, redução de 20,85%. Dos 34 produtos da Cesta Básica, 21 tiveram aumento de preços e 13 tiveram preços reajustados para baixo em relação ao mês de junho.

Café é o maior vilão dos preços no último ano

No comparativo da cesta básica de julho com a do mesmo período do ano passado há só 11 dos 34 itens da cesta básica tiveram queda, o restante subiu e bastante. O que mais chamou atenção foi o preço do café; o pacote de meio quilo que era encontrado a R$ 18,27 em julho de 2024, chegou a R$ 30,48 neste ano, uma alta de 66,82%. Além dele as carnes de 1ª e de 2ª subiram 34,26% e 34,42%, respectivamente, ficando com as maiores altas.

“O que mais chamou atenção foi café com alta excessiva acima de 65%, e as carnes de primeira e segunda, cerca de 35% no ano. Isso nos preocupa ainda mais com o tarifaço”, diz Benedetto, mas para ele não se sabe direito os efeitos desta política externa que, inicialmente, se espera derrubar os preços no mercado interno. “Poderia ter até uma maior oferta no mercado interno, o que reduziria, mas a médio e longo prazo não sabemos como isso vai acabar nos afetando também”, pensa o engenheiro.

Clima

Apesar do clima frio, o inverno de temperaturas mais baixas neste ano não influenciou a produção ou a qualidade das hortaliças folhosas. Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa a não houve na região do interior do Estado, onde são produzidos esses produtos para a região metropolitana, geadas. “O inverno não é tão ruim para as folhas, apesar do frio e período seco, não teve muita geada e é de e esperar preços melhores e qualidade como no brócolis, na couve, na alface e couve flor”, aponta.

Já para a pecuária o período frio encarece o produto. “A produção de carnes e leite sofre mais pois o frio prejudica as pastagens e faz-se necessária uma suplementação da alimentação do rebanho o que aumenta o custo de produção”, completa.






Fonte: Reporter Diário

Mais recentes

Rolar para cima