Blitz com agentes da prefeitura e Detran apreende 51 veículos por prática de racha na avenida dos Estados, em Santo André, nesta quinta-feira (22/08). O local é velho conhecido das autoridades, em 2022 o RD realizou duas reportagens relatando o chamados ‘pegas’ na avenida partindo de um ponto, geralmente um posto de gasolina, onde centenas de pessoas estacionam veículos modificados e com motores preparados para corrida. Já naquela época os relatos eram de insegurança para os demais motoristas, barulho de motores preparados para corrida e pouco retorno das autoridades. Agora a esperança é de que, ao menos por algum tempo, as corridas clandestinas deixem de acontecer.
A expectativa de resolver o problema dos rachas mudou, diante do grande número de veículos apreendidos; quem mora ou trafega pela avenida dos Estados espera que, por um bom tempo, as corridas clandestinas na via cessem por algum tempo. “A gente espera que operações como esta se tornem mais frequentes, porque antes a gente chamava, todos os meus vizinhos ligavam chamando a polícia também e não aparecia ninguém, com isso as corridas aconteciam sem nenhuma interferência. Agora com tantos carros apreendidos, penso que essa ação foi um grande golpe sobre quem participa dos rachas, porque eles aparentemente investem muito dinheiro nos motores, suspensão e outros acessórios para as corridas”, disse o morador do bairro Santa Teresinha, Eduardo Polastro.
Segundo o morador, os praticantes dos rachas se organizavam em baterias de arrancada, cada uma com três ou quatro competidores, como se estivessem em um autódromo. As corridas começavam por volta das 21h e seguiam madrugada adentro. “O barulho a gente escuta de longe, a gente que tem filho pequeno, se assusta, ainda mais se precisar sair à noite e pegar a avenida, esse é o maior receio. Eu e meus vizinhos nos organizamos para acionar a polícia, mas como raramente eles vinham, a gente meio que desistiu”, comenta. Com a operação desta quinta-feira, o morador reascendeu a esperança de que os rachas deixem de acontecer. “Até que esse pessoal volte a se capitalizar e investir em outros carros, ou pagar as multas e tirar do pátio, estamos mais tranquilos de poder sair na rua sem temer um acidente”, completa
O comandante do CPA-M6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6) que responde pelo a Polícia Militar no ABC, coronel Carlos Alberto Rodrigues Sanches, diz que as operações na Avenida dos Estados e em outras vias onde costumam acontecer os rachas, são complexas; demandam uma estrutura de monitoramento para fazer o cerco e deter os praticantes. “A região não tem apenas a Avenida dos Estados com esse problema, temos a avenida Goiás, em São Caetano, além de outras vias locais e também as rodovias. A gente tem usado os recursos das companhias com as viaturas locais, o 6° BAEP (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) e recursos externos de outros pelotões especializados, mas a gente precisa também da ajuda do cidadão denunciando”, comenta.
“Flagrar um racha acontecendo não é tarefa simples, não se resume no trabalho de uma viatura, é feito um planejamento prévio e contamos também com o monitoramento por vídeo das ruas, é um trabalho difícil, porque o praticante vai sempre tentar fugir e eles contam com olheiros, que avisam no caso de aproximação da polícia. O importante é tirar esses veículos das ruas, porque um racha pode resultar em acidentes graves envolvendo outros motoristas e pedestres. Quem pratica comete um crime, por e ser uma conduta altamente nociva”, completa o comandante da PM.
Blitz
Na blitz desta quinta-feira, além do flagrante de racha, as equipes também buscaram identificar outras infrações de trânsito, a documentação e o estado dos veículos e também casos de embriaguez ao volante. A prefeitura informa que ficou por dois meses acompanhando os motoristas envolvidos na prática de rachas na Avenida dos Estados e monitorando os veículos e os caminhos que percorriam. O ponto escolhido para realizar a blitz, após o trabalho de inteligência, foi o cruzamento com a avenida Antônio Cardoso.
A ação mobilizou um efetivo de 11 viaturas da GCM (Guarda Civil Municipal), duas viaturas do Detran que contavam com terminal de acesso à Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) e três etilômetros para os testes de alcoolemia, além de seis viaturas do Departamento de Engenharia de Tráfego.
Os 51 carros apreendidos foram encaminhados ao pátio por prática de racha, além de outras pendências administrativas. Foram lavradas 48 autuações de trânsito e diversos condutores passaram pelos testes do etilômetro.
As denúncias de rachas devem ser feitas à polícia militar, através do telefone 190. “O setor de inteligência da PM monitora constantemente, por meio de redes sociais ou por denúncias via 190, a realização de rachas. As equipes de policiamento preventivo realizam diligências em dias e horários específicos para mapear pontos de possível realização dessas corridas ilegais. Quando confirmado o seu acontecimento, a PM desenvolve fiscalização de trânsito para coibir e inibir a prática. Os autores desse delito podem responder ao artigo 308 da Lei nº 9.503, do Código de Trânsito Brasileiro, cuja pena prevista é detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a habilitação para dirigir veículo automotor. Caso ocorra lesão corporal de natureza grave, a pena pode chegar a seis anos de reclusão, e, se ocorrer morte, a pena máxima pode ser de 10 anos. A Polícia Civil não localizou o registro da ocorrência mencionada com as informações fornecidas”, informa a Secretaria de Segurança Pública, em nota.
