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Atraso nos uniformes escolares expõe disputa entre gestões em Diadema


Alguns alunos de Diadema só conseguiram receber o uniforme escolar esta semana (Foto: Thiago Benedetti)

A entrega de uniformes escolares aos cerca de 30 mil alunos da rede municipal de Diadema, finalizada apenas nesta semana – seis meses após o início da gestão -, tornou-se centro de uma disputa política entre os governos do atual prefeito, Taka Yamauchi (PSD), e do ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT).

Documentos e registros públicos apontam que a atual administração foi informada, ainda durante o processo de transição, sobre a existência de um contrato vigente para a aquisição das vestimentas. Mesmo assim, a compra foi feita apenas no fim de janeiro, o que atrasou a distribuição dos kits.

A polêmica ganhou força na última quinta-feira (12/06), após o vereador Orlando Vitoriano (PT) apresentar dossiê na Câmara Municipal e rebater as acusações feitas pelo governo Taka de que a gestão anterior teria deixado a cidade sem contrato ou estrutura para a compra dos uniformes. Segundo o material apresentado, a ata de registro de preços estava válida até 6 de fevereiro de 2025 — informação confirmada em reunião da equipe de transição realizada no dia 18 de dezembro de 2024.

Na ocasião, os atuais secretários de Governo, Marcos Michels, e de Administração, Kiko Teixeira, assinaram e concordaram com as informações prestadas pela então secretária de Educação, Ana Lúcia Sanches. A compra dos uniformes, no entanto, só foi efetivada no dia 27 de janeiro de 2025, conforme dados do Portal da Transparência.

“O atual governo teve ciência da ata e não comprou por decisão própria. Diferentemente do que foi dito, não houve sabotagem ou atraso intencional da gestão anterior. É preciso assumir responsabilidades, e não procurar culpados”, afirmou Vitoriano. “Trazer esse caso à tona é fazer justiça ao prefeito Filippi e à secretária Ana Lucia, que fez um belíssimo trabalho na Educação de Diadema”, completou.

Prefeitura diz que herdou cenário sem orçamento
Procurada, a Prefeitura de Diadema, por meio de nota oficial, rebateu as acusações e afirmou que, ao assumir a gestão em janeiro de 2025, encontrou “grave situação” orçamentária e ausência de planejamento. Segundo o texto, não havia pedido de compra aberto para os uniformes, tampouco dotação orçamentária prevista para a aquisição — o que inviabilizaria o uso imediato da ata de preços, mesmo que vigente.

A administração afirma ainda que foi necessário abrir o orçamento de 2025, buscar recursos próprios e organizar um levantamento em todas as 61 escolas da rede para compor os pedidos individualizados — etapa que, segundo a gestão Taka, não havia sido deixada pronta.

De acordo com a nota, o pedido formal para aquisição dos uniformes foi feito em 24 de janeiro, dentro da validade da ata, e os kits começaram a ser distribuídos posteriormente. Em relação ao material escolar, a Prefeitura afirma que não havia nenhuma licitação em curso, o que exigiu novo processo, com prazos legais de cerca de 120 dias.

“O documento oficial de transição deixado pela gestão anterior é genérico e não detalha o funcionamento da rede, nem o planejamento de compras. Lamentamos que alguns representantes distorçam os fatos e omitam responsabilidades, tentando transferir à atual gestão as consequências da ausência de planejamento da administração anterior”, diz a nota.

Reclamações continuam
Apesar da entrega dos kits ter começado, o processo tem sido alvo de críticas por parte de pais e responsáveis. Há relatos de famílias que receberam apenas um agasalho por criança, mesmo com a chegada do inverno. A qualidade do material também tem sido questionada.

O Diretório Municipal do PT emitiu nota considerando “inaceitável” a tentativa do atual governo de responsabilizar a gestão anterior pela demora. Para o partido, os documentos comprovam que havia contrato válido e que a decisão de postergar a compra partiu do novo governo.

A disputa em torno da entrega dos uniformes evidencia não apenas o embate político entre os grupos de Taka e Filippi, mas também os desafios enfrentados por gestões municipais na transição de governos e na continuidade de políticas públicas essenciais — como o fornecimento de materiais básicos para o ano letivo.






Fonte: Reporter Diário

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