
Começou a campanha de conscientização do Outubro Rosa em todo o País, que tem foco na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama. No ABC, cada Prefeitura realiza ações próprias em suas rede. Ao todo, a região já conta ao menos com 86 diagnósticos somente neste ano. Santo André puxa o número com 63 casos de câncer de mama até agosto.
Para especialistas, campanhas como o Outubro Rosa têm papel essencial para incentivar a procura por exames e alertar sobre a necessidade do diagnóstico precoce. Patrícia Santi, médica oncologista do Centro Universitário FMABC e da Clínica CEON+, o Outubro Rosa serve como incentivo para que os exames sejam feitos regularmente e para que hábitos saudáveis façam parte da rotina.
Para a médica, a prevenção envolve mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada, combate à obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo. “E o diagnóstico precoce depende de exames de rastreamento, principalmente a mamografia a partir dos 40 anos, que permite identificar a doença antes do aparecimento de sintomas”, afirma.
Prefeituras no Outubro Rosa
No Hospital da Mulher, em Santo André, foram diagnosticados 120 casos no ano passado e 63 até agosto de 2025. Para combater, a Prefeitura promove campanhas e ações preventivas ao longo de todo o ano, com exames de rastreamento e tratamento iniciado na própria rede municipal ou encaminhado a serviços estaduais de referência.
A mamografia é oferecida a partir dos 40 anos e não há registro de fila para o exame. Além das mamografias, Santo André oferece ultrassonografia, biópsia por fragmento, ressonância magnética e marcadores tumorais, com encaminhamento feito diretamente pelas unidades básicas de saúde. A cidade realiza atividades educativas e orienta sobre hábitos saudáveis durante todo o ano, reforçadas no Outubro Rosa.
Em São Bernardo, a rede municipal acompanhou 394 pacientes com câncer de mama no ano passado e 296 em 2025 até agosto, números que incluem tanto casos diagnosticados no ano quanto pacientes já em acompanhamento. A Carreta da Mamografia percorre bairros para atender mulheres de 40 a 74 anos sem necessidade de pedido médico.
A cidade mantém a primeira faixa etária oficialmente adotada no País para rastreio, o que permite mulheres fora dessa faixa ser atendidas mediante indicação clínica. Durante outubro, as UBSs, o Hospital da Mulher e o CAISM promovem ações de prevenção e conscientização que reforçam a importância da detecção precoce do câncer de mama.
Sem fila de espera
Mauá transformou um cenário crítico em referência. Em janeiro de 2021, cerca de 8 mil mulheres aguardavam por mamografia. Após implantar a realização dos exames no município, a fila foi zerada em sete meses. Entre 2021 e agosto de 2025, realizou 33 mil mamografias. Mais recentemente, a cidade antecipou a nova política nacional que amplia o acesso à mamografia para mulheres a partir de 40 anos. Desde então, 246 pacientes dessa faixa etária realizaram o exame na rede pública. Durante o Outubro Rosa, a cidade promove palestras, rodas de conversa e ações educativas em todos os postos de saúde.
Em Ribeirão Pires, foram 13 diagnósticos de câncer de mama em 2024 e 10 até agosto de 2025. No mesmo período, 69 casos de câncer foram registrados em homens no ano passado. Este ano já são 33. Para combater a doença, em outubro a Prefeitura realiza palestras e rodas de conversa em todos os postos sobre o risco do câncer de mama feminino e masculino. As mamografias são agendadas diretamente nas unidades, que oferecem orientações e encaminhamento contínuo para casos confirmados.
Em São Caetano, 37 mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama em 2024 e neste primeiro semestre já são 13. A cidade conta com o Caism e o Centro de Oncologia e intensifica a programação do Outubro Rosa, com mamografias sem necessidade de agendamento até o dia 30 de outubro em dias úteis. Durante o mês, a população recebe palestras educativas, informações sobre prevenção e orientação para acompanhamento de casos confirmados.
Diadema registrou 28 casos de câncer de mama em 2024 e 27 este ano. A Prefeitura realiza ultrassom e mamografia, e encaminha pacientes com resultados alterados para serviços de referência do Estado. A rede básica promove ações educativas, palestras e caminhadas durante o Outubro Rosa, além de orientar sobre sinais de alerta e acompanhamento de casos confirmados. A mamografia é oferecida por livre demanda sem agendamento e não há fila de espera.
Em Rio Grande da Serra, foram quatro casos de câncer de mama em 2024 e não realiza mamografias internamente, mas encaminha pacientes para exames e acompanhamento em serviços de referência. Durante o Outubro Rosa, as UBSs promovem palestras, orientações e atividades educativas para prevenção e detecção precoce. Mas a cidade enfrenta fila de espera para consulta com mastologista de 20 pessoas e para mamografia 77. A Prefeitura diz, no entanto, que o tempo de espera inferior a um mês.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce do câncer de mama é determinante para aumentar as chances de cura e reduzir os impactos do tratamento. Patrícia afirma que a campanha Outubro Rosa funciona como lembrete do autocuidado e do papel da prevenção na saúde da mulher. “Quanto mais cedo a doença é detectada, maiores são as chances de tratamentos menos agressivos e melhores os resultados”, diz.
A médica explica que a prevenção envolve hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, prática de exercícios, cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool. O diagnóstico precoce depende de exames regulares, como a mamografia a partir dos 40 anos, a colpocitologia oncótica e o exame de HPV DNA para rastreio do câncer de colo de útero. “Muitas vezes a doença inicial não apresenta sintomas, e por isso o exame de rastreio é fundamental”, alerta.
Ginecologista e obstetra, Sérgio Makabe, diretor geral do curso de medicina da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), ressalta que o exame mais importante continua sendo a mamografia entre 40 e 74 anos, e que o exame clínico das mamas e a ultrassonografia complementam a análise, especialmente em mulheres jovens ou com mamas densas.
“O autoexame não substitui esses exames, mas ajuda a identificar alterações que exigem avaliação médica imediata, ou seja, qualquer sinal suspeito, como nódulo, secreção ou mudanças na pele, deve levar a paciente a procurar atendimento sem demora”, comenta o professor da USCS.

